terça-feira, 3 de maio de 2011

A delícia de fazer pela segunda vez, seis anos depois, a primeira prova da sua vida




Legendas: nas fotos, eu em 2006 com minha equipe carioca, com a treinadora Luciana Toscano, e com a equipe de 2011, da Saúde & Performance


Pode ser uma música que te faz pensar naquela viagem incrível com os amigos. Ou um perfume que traz de volta o rosto do menino (ou menina) em quem você deu o primeiro beijo. Sons e cheiros muitas vezes vêm carregados de alguma lembrança. Pois no último final de semana provei de um tipo diferente de memória afetiva. Não tinha previsto que podia acontecer, mas aconteceu. Foi chegar lá, passar pelos mesmos pontos, as mesmas praias, as mesmas dunas, que a coisa bateu. E forte.

A Volta à Ilha, a corrida de revezamento mais famosa do Brasil (este ano foram cerca de 3.600 corredores), foi a primeira prova da qual participei. Era 2006 e eu tinha começado a treinar havia pouquíssimo tempo, coisa de cinco ou seis meses. Morava no Rio de Janeiro e fui convencida pela minha então treinadora, a Luciana Toscano, a entrar de última hora numa equipe -- três integrantes se machucaram na última hora e, se eu não fosse, a equipe não teria quorum mínimo para correr, estaria fora da competição. Não fazia ideia do desafio que me esperava em Floripa mas, com pena dos colegar, para ajudar topei. Era eu, a estepe mascote de última hora, entre mais cinco homens, todos com maratonas nas costas e paces em torno dos 4min/km.

Me lembro direitinho de cada trecho que corri. O primeiro foi gostosinho, fiz bem (pros meus padrões de então, claro). No segundo, uns seis quilômetros de areia fofa, tive vontade de chorar. Foi a primeira vez que tive essa reação de choro quando o esforço é grande demais -- houve algumas outras (como nos 600K da Nike entre SP e Rio) de lá para cá. Me recuperei na van e, horas depois, completei bem com um último trecho na base aérea, com um incrível pace de 5min/km. No dia seguinte mal andava, era dor no corpo inteiro.

Foram seis anos de muita quilometragem desde então. Mais de 20 meias maratonas, três maratonas, muito suor, muito saco de gelo para curar os músculos, um bocado de experiência. E é incrível como isso faz toda a diferença. Não vou dizer que não sofri nos meus trechos este ano. Sofri, claro, porque a gente sempre dá o máximo que pode em cada perna que corre. Mas estava mais relaxada, me diverti mais, ri mais e, mesmo numa fase mal treinada, rendi mais e sofri menos (no dia seguinte estava com uma unha preta, mas zerada de dor). 

Para encerrar a prova com chave de ouro, quando me uni à minha aquipe de "velhinhos" (competimos na categoria Veterana Mista, só mulheres acima de 35 e homens acima de 40) para cruzarmos todos juntos a linha de chegada, após percorrermos os 150 quilômetros da prova, vejo no meio do público uma mão estendida para me cumprimentar. Era a querida Luciana Toscano. Diz se não é motivo de sobra para receber a medalha com um nó na garganta...

Comentários | »

    Shigueo
    10/06/2011 18h58 Legal esse re-encontro. Nunca fiz prova de revezamento mas só escuta coisas boas de quem já fez. Vamos procurar uma na Internet!!
    Manoela
    06/05/2011 01h53 Floripa é especial. Tudo é mágico lá. Parabéns, Ana! comercorrerremar.blogspot.com
    Silmara Castilho
    04/05/2011 11h11 Nossa Apa!!! Que coisa!! Adorei me emocionei também!!!
    Cláudio Castilho
    04/05/2011 11h06 Parabéns Apa e Luciana, esse é um dos motivos que faz da corrida um dos esportes mais populares do mundo...emoção pura e quando vc menos espera!
    Dora
    03/05/2011 17h51 Que depoimento lindo !

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