quinta-feira, 18 de agosto de 2011

A dura decisão entre performance e coração



Tudo certo para a maratona de Amsterdã, dia 16 de outubro. Treinos indo bem, passagem aérea comprada, hotel reservado. Até que ontem, 23h, uma amiga me manda uma mensagem: "pintou uma inscrição para Nova York, Apa, temos de responder já. É pegar ou largar". Sou aquariana e tomar decisões nunca foi uma tarefa muito difícil para mim. Sempre tomei sem medo. O andar da carruagem às vezes até mostra que não é a decisão mais acertada, mas arco com as consequências, pago o preço e toco a vida, sem grandes dramas. Mas confesso que hoje a noite foi longa, não conseguia pregar os olhos.

Muitos de vocês, leitores, podem estar pensando: o que pode haver de tão duro entre decidir se vou correr a maratona de Amsterdã ou a de Nova York. Que raio de dilema existe aí? Afinal, são 42 quilômetros e 195 metros nas duas, uma de um lado do Atlântico, outra do outro.
Mas não, não é assim tão simples. Passei a noite em claro por um motivo que, aliás, vem me tirando, de um tempo para cá, algumas noites de sono, por questões diferentes. Fiquei dividida entre a razão e o coração. Mais: entre a performance e o coração.

A razão é prática, mandava eu manter o plano de Amsterdã. Tudo acertado, cartão de crédito já programado para as cinco parcelas do aéreo, planilha focada nesta prova, que aliás é planinha, planinha. Quanto à performance, os treinos têm mostrado que eu tenho grandes chances de conseguir por ali as 3h45min, meu índice de classificação para a Maratona de Boston, a única que exige tempo classificatório, o sonho de consumo dos corredores que, como eu, valorizam cada segundo cravado no Garmim.

Mas o coração entrou na jogada. Minha estreia em maratona foi em Nova York. Sei por experiência própria o que é correr por Manhattan com tanta gente na rua, a festa que rola, a emoção que toma conta. Também sei o quanto a prova é dura, com ponte que sobe, ponte que desce, ponte que parece não ter fim... Índice para Boston, na maratona das maratonas, é um sonho menos palpável. Em Nova York terei a companhia de amigos queridos, em especial a Ana Landi, minha amigona na estreia lá mesmo, em 2008, e em todas as outras maratonas que corri. Mais a Mel, a Lu, a Dea Longhi, o Chester, o Iberê. Farra certa na largada e na chegada. Mas e o bolso: o que fazer com as parcelas para Amsterdã?

Fiquei tão perdida que recorri ao meu treinador. Mandei um email desesperado, não sei se na esperança de ele me dizer "seu treino é para Amsterdã, vá para Amsterdã". Mas ele me disse apenas um "aceite NYC, depois acertamos os detalhes". Ai, Claudio Castilho, seu lindo! Claro que ele disse também que a decisão era pessoal, que dependia do que eu tenho como objetivo. "Uma é cheia de glamour, porém com menor possibilidade de fazer o melhor tempo da vida. A outra, sem muito glamour, outra energia, porém excelente para estabelecer recorde pessoal". Enfim, ele zoou todo o barraco de novo!

Pesei prós e contras durante horas, sem sair muito do lugar. Até que achei melhor fazer o que tenho feito desde que me tornei uma pessoa que balança um pouquinho mais nos momentos de decisão (meu antigo terapeuta ficaria orgulhoso!): vou seguir o que a vontade manda, esquecer o racional. Nova York e suas lindas subidas, aqui vou eu!


Comentários | »

    Shigueo
    31/08/2011 13h13 Boa prova em NYC. Não tive sorte na loteria. Tenho até curiosidade por correr em Amsterdam mas realmente não dá pra comparar com o glamour de NY. Vai mesmo pra tentar 3h45? Intè, Shigueo
    Iberê
    29/08/2011 18h18 O sub 3h45min vai sair! Vai sair! Lá é demais! Tamujuntaê!
    Ana Landi
    29/08/2011 10h17 Lindaaaaaa! Amei o texto. E acredito, sim, que você vai fazer 3h45min em NY. Quer apostar?
    Dora
    26/08/2011 17h26 Apa, se a minha humilde opinião vale, sou NY ! Não tenho a pretensão de correr maratona, mas SE fosse para correr uma, seria essa. New York é... New York. Vai lá ! bjs

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