terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

Correr sem óculos: uma aventura quase às cegas



Comecei a usar óculos quando tinha apenas 4 anos. A "tia" da minha primeira escolinha chamou minha mãe para um papo sério, logo depois de aplicar aquele teste do "mostre com as mãos para que lado o E está virado". Meus Es iam todos para os lados que minha criatividade me mandavam apontar. A visão não ajudou muito. Desesperada com a notícia de que tinha uma filha quase cega, minha mãe me carregou para uns cinco especialistas. De fato, o olho direito tinha (e ainda tem) um astigmatismo altíssimo, usei até tampão para ver se melhorava.

O que toda essa novela tem a ver com corrida? Pois bem: a vista melhorou, mas pouco. Uso óculos ou lente de contato e tudo se resolve. Mas quando saio para treinar volto a ser aquela menininha de 4 anos com as mãozinhas apontadas para cima, para baixado, esquerda ou direita, sem muita ideia de qual direção era de fato a correta. Corro sem óculos. Já tentei sair com eles, mas os benditos caem. As lentes também foram um sufoco, os olhos arderam assim que a primeira gota de suor escorreu da testa. Então vou às cegas mesmo.

Como meu problema é o astigmatismo, até enxergo as coisas. Nunca caí num buraco ou tropecei numa calçada, por exemplo. Só que vejo tudo sem muito foco. Então, no fim de semana passado, aconteceu mais uma vez: alguém passou por mim no meio do treino, gritou um "oi, Apa", acenou, eu acenei de volta, e até agora não faço a menor ideia de quem tenha sido.

Uma vez passei por isso numa prova de revezamento em Maresias. Saí de uma trilha e, assim que botei os pés nas areias de Juquehy, toda esbaforida, um casal sentado sobre uma canga (viram como eu enxergo alguma coisa?) gritou o meu nome. Não dava para parar. Deu apenas para perceber que a mulher tinha cabelos cacheados. Passou-se mais de um mês até que, num aniversário, uma amiga que não vejo muito me dissesse que tinha sido ela a moça das areias de Juquehy. Vexame. Tudo isso devidamente explicado, se um dia a gente se cruzar por aí, já ficam aqui as minhas desculpas e um oi adiantado. Porque o aceno, certamente, será um a la Mr. Magoo.
Comentários | »

    Dora
    14/03/2011 13h27 Se te serve de consolo, eu ouço várias pessoas gritando "Oi, Dora", também aceno e não sei para quem...
    Renata
    14/02/2011 21h29 Boa, Ana Paula! O que importa é correr. E até que vale a pena não saber quem é que te chama ou acena, não? Assim, vc não perde o foco da corrida, pois não ia dar pra bater um papo ou dar um beijo mesmo, né?! :-) Beijos com saudades! Renata
    Denise
    14/02/2011 21h16 Se nos encontrarmos daqui um tempo, fique tranquila: não fui eu que cruzei com você no seu treino no final de semana passado, ok!!! Uma a menos na lista! rs. Bj

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