quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

Não é exagero: correr com fones de ouvido pode matar



 Sempre que falo para algum dos meus amigos que sou contra correr com fones de ouvidos, vejo aquela careta de "ai, lá vem essa viciada em corrida achando que é profissional". Claro que para nós, amadores, corrida é prazer. Tá, é um monte de outras coisas também: superação, suor, saúde, manter o corpo legal. Mas o prazer é fundamental. Para muita gente, este prazer está diretamente ligado à música. É um mantra quase como um "diga-me o que ouves e te direis como corres". O mp3 tem lá uma seleção específica para os tiros, para a rodagem leve, para as provas, para a corrida na praia, no asfalto...

Aí vem uma chata como eu dizer que, não, você não deveria ouvir seleção nenhuma, em situação (quase) nenhuma? Entendo as caretas, amigos, juro que entendo. Já ouvi muita música correndo, quando comecei a praticar. Até que comecei a ver situações terrivelmente perigosas na USP, aos sábados, quase semrpe relacionadas ao tal foninho no ouvido. Meu treinador Claudio Castilho é terminantemente contra a música nos treinos e, quando decidi fazer a minha primeira maratona, ele decretou o fim definitivo do som. "Um corredor precisa ouvir o próprio corpo, Apa", ele sempre disse.

Tento repetir este argumento aos amigos, que continuam me devolvendo aquela boa e velha careta. Então vai aqui um caso triste, verdadeiro, que aconteceu no último sábado, no Novo México, Estados Unidos. Uma jovem adolescente saiu para correr perto de casa, como sempre fazia, com seu fone de ouvidos (uma adolescente é capaz de largar a corrida, se as duas coisas juntas forem proibidas, mas nunca a música, né?). Amanda Byrne, de 18 anos, treinava sempre seguindo as margens do trilho do trem. O maquinista tentou, deu o sinal de alerta várias vezes, alertando sobre sua chegada.

Amanda, provavelmente entretida por um de seus artistas favoritos, não ouviu. A vida dela acabou aos 18. É um caso extremo, claro. Algum amigo meu careteiro é bem capaz de dizer: ah, mas aqui em São Paulo nem tem trem, Apa, e, se tiver, sempre corro bem longe deles... Pois eu defendo que, numa metrópole como São Paulo, todos os ouvidos que você tiver ainda são pouco para livrá-lo do perigo (a não ser que você corra na esteira, claro). É por isso que vou continuar repetindo, sem medo das caretas: dê bobeira, não, amigo!

Comentários | »

    Flash
    20/01/2011 21h16 Mandou muiiittto bem Apa!! Ouvir o corpo, é o mínimo que EU, simples mortal e corredor amador faço pra poder obter o melhor em um treino, em uma prova. Preciso tentar aplicar o que aprendi com os professores: postura, respiração, movimentos e etc... Preciso ouvir e sentir o meu corpo e para isso, eu preciso me concentrar... e depois, nao quero carregar nenhum peso extra. chega o meu...
    silmara
    19/01/2011 19h19 Apa, eu também sou contra, gosto de ouvir o meu corpo e adoro uma conversa! Temos que estar sempre atentos durante a corrida!!
    silmara
    19/01/2011 19h18 Apa, eu também sou contr, gosto de ouvir o meu corpo e adoro uma conversa! Temos que estar sempre atentos durante a corrida!!
    Dora
    19/01/2011 18h12 Eu só corro sem música, também sou totalmente contra (exceto na esteira). E adoro conversar (pelo menos um pouquinho) durante um longão.
    Apa
    19/01/2011 17h03 O bate papo com um amigo também é uma delícia, Pizzi!
    Pizzi
    19/01/2011 10h10 Acho importante em qualquer atividade física , ouvir o nosso corpo e estarmos atentos ao redor. Para relaxar , basta apreciar a paisagem , árvores,praças,casas que passam despercebidas quando estamos motorizados
    Apa
    18/01/2011 19h25 Não me venha com caretas, Tahiane!! rsrsrs Se for correr na rua, seja onde for, vá sem fone (ou use num ouvido só!).
    tahiane
    18/01/2011 19h09 Apa, eu não corro perto do trilho de trem! rsrs E eu não consigo ter ânimo para correr sem música! rsrs

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