segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

A eterna briga da USP com os corredores

A discussão sobre o uso da Cidade Universitária pelos corredores, em especial nas manhãs de sábado, é antiga. Já falou-se em criar uma carteirinha para controlar a entrada e até em proibir, mas até agora nada foi feito. Fato é que, enquanto as medidas não são tomadas, nós, corredores, sentimos na pele a raiva que a comunidade uspiana tem dos atletas amadores que invadem o campus -- estima-se que somos cerca de 8 mil rodando por lá, aos sábados. Aconteceu comigo na semana passada.

O calor era insuportável, Sol rachando o coco na avenida da raia, a pressão caiu, senti tontura. Estava passando pelo Instituto de Psicologia, que fica vizinho à Escola de Comunicação e Artes, onde essa blogueira que vos escreve estudou durante quatro anos. Lembrei que a Psicologia tem uma clínica que atende a comunidade inclusive aos sábados, e pensei: há de haver um banheiro disponível ali, para eu jogar água no rosto e me recuperar para chegar ao bosque, uns três quilômetros adiante, onde minha equipe se reúne. Vira e mexe tento usar banheiros pela Usp aos sábados. Vários deles ficam em faculdades que estão fechadas mas, mesmo assim, nunca havia levado um não na cara. Foi acontecer logo no dia em que eu estava passando mal, e bem mal.

O porteiro da Clínica de Psicologia não teve a menor compaixão: "não pode entrar não. Tem câmeras e se eu deixar vou me complicar". Tentei argumentar (tenho essa mania): "não acredito que o senhor vai me deixar desmaiar aqui", retruquei. E ele: "ninguém mandou vir correr aqui na Usp, moça. Aqui a senhora não entra porque o banheiro não é público". A raiva que senti naquele momento deve ter feito a minha pressão cair um pouco mais... Primeiro: aquele banheiro é, sim, público. Indiretamente público, porque está numa universidade pública. Mas isso nem vem ao caso. Minha casa não é pública, é privadíssima, mas se passar alguém na porta passando mal vou ajudar, oferecer um copo de água, qualquer coisa. Não, o porteiro bateu a porta de vidro na minha cara, voltou à sua cadeira e não se comoveu nem mesmo com o fato de eue ter passado mais dez minutos sentada no banco de concreto ali na frente, até me recuperar.

Sem me dar por satisfeita, segui até o próximo bloco do próprio Instituto de Psicologia, expliquei a situação ao porteiro. Ele gentilmente me deixou usar o banheiro e disse tudo: "Poder não pode, moça, mas a gente abre exceções quando alguém passa mal, né? Aí é questão de humanidade".  Ah, amigo, se todos fossem no mundo iguais a você...

Comentários | »

    Joel Leitão
    01/02/2011 22h29 Oi, Ana Paula! Poxa, e no seu caso, você até estudou por lá... mas nada justifica a forma como somos tratados na USP. Nessa nossa cidade que não tem espaço decente para a prática de esportes a USP deveria sentir orgulho de tanta gente lotar o campus para correr, pedalar, caminhar, enfim, seria no mínimo 'politicamente correto', não é mesmo? Por essas e outras que vejo com muita reticência a atuação das secretarias municipal e estadual de esportes, que nada fazem para nos ajudar. Vira e mexe faço meus longões por lá e não foram poucas as vezes que corri com vontade de fazer xixi. Usei isso como mais um desafio (correr 'apertado'), continuei correndo até terminar o treino, e fui embora rapidinho. Só conheço um banheiro perto do Bosque, e ainda assim 'intransitável'. Valeu por abordar o assunto. http://corredordisciplinado.blogspot.com/
    Dora
    01/02/2011 18h39 Eu nunca fui ao banheiro na USP, mas ficaria muito brava se precisasse e não pudesse ir. Entendo perfeitamente que as faculdades não podem deixar todas as portas abertas, porque com tanta gente correndo/pedalando imagino que iria ficar meio complicado. Mas deveríam haver banheiros públicos. Eu adoraria correr em outros lugares para variar (sábado estava particularmente cheio), mas quais são as outras opções que temos? Muito poucas !
    MESSIAS
    01/02/2011 14h25 Há algum tempo não frequento a USP , o motivo principal é a falta de banheiro público . Por algumas vezes fui obrigado a usar moitas , árvores , etc . O que é muito desagradável ...Nos últimos três anos tive oportunidade de conhecer alguns campi de universidades americanas(UCLA , Harvad e Stanford) e os corredores são muito benvindos nelas . Não havendo treinos , as pistas de atletismo são de uso livre .
    Simone Manocchio
    31/01/2011 13h29 É um absurdo mesmo, Ana. Acredito que a USP está com os dias contados para os corredores e isso é triste. A falta de sensibilidade do porteiro é inaceitável, mas a frase "quem mandou vc vir correr aqui" é praticamente um hino que se ensaia todos os dias no campus. Está instruído para ser hostil com os atletas, com certeza. Boa sorte e boas provas. Abraço!
    Wanderlei de Oliveira
    31/01/2011 13h17 Lamentável! Não é a primeira vez que isso acontece. O mesmo se repetiu com a Paty e várias outras pessoas no ano passado.

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